Reforma do Conselho de Segurança da ONU e os Desafios Globais
No último domingo (6), durante a cúpula de líderes do Brics no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou preocupações sérias sobre a ineficácia do Conselho de Segurança da ONU. Ele afirmou que a falta de reforma desse órgão torna o mundo “mais instável e perigoso”.
Na abertura da sessão denominada Paz e Segurança, Reforma da Governança Global, Lula criticou não apenas os gastos militares excessivos, mas também a instrumentalização da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e as ofensivas israelenses. Para ele, a atual situação global é a mais adversa desde que o Brasil ocupa a presidência do Brics, citando um “colapso sem paralelo do multilateralismo”.
Críticas ao Multilateralismo e ao Papel da Otan
Lula destacou que o Brics é herdeiro do Movimento Não-Alinhado, que busca a autonomia em meio à pressão ocidental, principalmente dos Estados Unidos. Ele lamentou que, com o ataque ao multilateralismo, a autonomia das nações está ameaçada, colocando em risco os avanços em comércio, clima e saúde global.
O presidente criticou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), afirmando que suas ações alimentam a corrida armamentista. Ele ressaltou a facilidade em direcionar recursos para despesas militares em vez de investimentos em desenvolvimento sustentável.
Credibilidade do Conselho de Segurança
Lula enfatizou que o Conselho de Segurança da ONU está marcado por “perda de credibilidade e paralisia”. Ele lembrou que, embora o Brasil tenha ocupado o cargo temporariamente, ainda clama por uma reforma que inclua mais países com assento permanente.
O presidente observou que o conselho frequentemente não é consultado antes de ações bélicas, e as justificativas para intervenções têm se tornado repetitivas e questionáveis. Ele também criticou a AIEA, citando a crescente ameaça de uma catástrofe nuclear.
Posições sobre Terrorismo e Conflitos Regionais
Lula condenou tanto os ataques terroristas, como os perpetrados pelo Hamas, quanto as ofensivas israelenses em Gaza. Ele defendeu que nada justifica o terrorismo, mas também pediu atenção ao que considera genocídio contra civis inocentes.
Ao falar sobre a guerra na Ucrânia, Lula pediu um diálogo direto entre as partes envolvidas para alcançar um cessar-fogo e a paz duradoura. Ele mencionou a importância do “Grupo de Amigos para a Paz”, formado por Brasil e China.
O Papel do Brics na Governança Global
Lula ressaltou que a comunidade internacional abandonou o Haiti prematuramente e, ao mesmo tempo, reconheceu os avanços que a ONU alcançou em seus 80 anos, como a proibição de armas biológicas e químicas.
Ele argumentou que a governança internacional deve refletir a nova realidade multipolar do século XXI e que o Brics tem um papel crucial nessa atualização. A reforma do Conselho de Segurança, segundo Lula, é vital para garantir a sobrevivência da ONU.
Principais Pontos
- A demora na reforma do Conselho de Segurança da ONU torna o mundo mais instável.
- Lula critica gastos militares em detrimento do desenvolvimento sustentável.
- O Brics busca maior autonomia e representação no cenário global.
- O Conselho de Segurança perde credibilidade e eficácia nas decisões.
- Lula condena atos terroristas e a ofensiva israelense em Gaza.
- Reforma do Conselho é vista como essencial para a sobrevivência da ONU.
Resumo
Durante a cúpula do Brics, Lula destacou a urgência da reforma do Conselho de Segurança da ONU, argumentando que sua ineficácia contribui para um mundo mais perigoso. Ele também criticou os gastos militares excessivos em contraste com a necessidade de investimentos em desenvolvimento sustentável e paz.
O presidente brasileiro fez um apelo por uma governança global mais justa e representativa, enfatizando que o Brics pode desempenhar um papel fundamental nesse processo. A busca por um mundo mais equilibrado e pacífico é uma prioridade, especialmente em tempos de crise e conflito.
