Problemas no Suprimento de Energia Elétrica no Brasil

O sistema elétrico brasileiro enfrenta desafios significativos para o suprimento da demanda de potência de energia elétrica, especialmente nos horários de pico. O recente Plano da Operação Energética (PEN 2025), elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), aponta que a falta de leilões de potência de energia pode resultar em problemas nos próximos cinco anos. Neste post, exploraremos os principais pontos do PEN 2025 e suas implicações para o futuro do sistema elétrico no Brasil.

Cenário Atual do Sistema Elétrico

O PEN 2025 destaca que, sem a realização de leilões de potência, o sistema elétrico poderá enfrentar dificuldades para atender a demanda, especialmente no horário de pico ao final do dia.

A necessidade de despacho de usinas térmicas flexíveis se torna evidente para atender a esses picos de demanda.

Entre as medidas propostas para mitigar essa situação, está a possibilidade de retorno do horário de verão, que foi suspenso anteriormente.

Crescimento da Geração de Energia

O documento também menciona que a geração de energia no Brasil tem crescido, impulsionada por fontes intermitentes como eólica, solar e mini e microgeração distribuída (MMGD).

No entanto, essas fontes têm limitações na produção noturna, período em que a demanda por energia se intensifica.

Estima-se que a capacidade instalada de energia elétrica aumentará em 36 Giga Watts (GW) até 2029, totalizando 268 GW.

Mudanças na Matriz Elétrica

A MMGD e a energia solar devem representar 32,9% da matriz elétrica até 2029, tornando a solar a segunda maior fonte de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN).

A crescente participação de fontes renováveis traz desafios operacionais e exige mais flexibilidade no despacho das usinas.

O ONS destaca a importância de se preparar para um aumento no despacho térmico, especialmente no segundo semestre de cada ano.

Necessidade de Flexibilidade

Embora o ONS reconheça a necessidade de despacho das térmicas, não recomenda a inclusão de usinas com alto nível de inflexibilidade.

O SIN requer cada vez mais flexibilidade para lidar com as rápidas variações de demanda e oferta de energia.

Isso implica que o sistema deve estar preparado para atender a essas demandas de forma ágil e eficiente.

Leilões de Potência

Um leilão para a contratação de potência elétrica, programado para agosto do ano passado, foi judicializado e adiado.

A expectativa era de que o leilão ocorresse em junho, mas foi cancelado após a revogação das regras pelo Ministério de Minas e Energia.

Uma nova portaria poderá ser publicada, permitindo a realização de um novo leilão, mas isso depende de futuras definições.

Risco de Insuficiência de Potência

O documento também aponta para o risco de insuficiência da oferta de potência (LOLP) entre 2026 e 2029.

A violação dos critérios de garantia de suprimento é uma preocupação constante, conforme os estudos realizados.

A realização de leilões anuais de reserva de capacidade é considerada urgente para evitar essa situação.

Cargas Especiais

Outro ponto crítico abordado é a inclusão de cargas especiais, como datacenters e hidrogênio verde, que demandam alto suprimento energético.

Essas cargas possuem baixa flexibilidade, o que pode agravar a situação do sistema durante os horários de pico.

A atenção deve ser redobrada para garantir o atendimento a essas demandas específicas.

Conclusão

O Plano da Operação Energética (PEN 2025) evidencia a necessidade urgente de ajustes no sistema elétrico brasileiro, principalmente em relação à realização de leilões de potência. Sem essas medidas, o país poderá enfrentar sérios problemas no suprimento de energia elétrica durante os horários de pico nos próximos anos.

A flexibilidade e a capacidade de resposta do sistema são cruciais para garantir um fornecimento estável e eficiente, especialmente com o aumento das fontes renováveis e das cargas especiais. A adoção de estratégias como a realização de leilões anuais e a reconsideração do horário de verão podem contribuir para mitigar esses riscos e garantir um futuro energético mais seguro.