Críticas de Lula ao FMI e Banco Mundial na Cúpula do Brics
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou seu discurso na cúpula de líderes do Brics, realizada no Museu de Arte Moderna (MAM) no Rio de Janeiro, para criticar o papel do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Segundo Lula, essas instituições, ao invés de apoiar os países em desenvolvimento, atuam como “um Plano Marshall às avessas”, onde os países emergentes financiam as economias mais desenvolvidas.
Durante a sua intervenção, Lula destacou que enquanto o FMI e o Banco Mundial priorizam o mundo desenvolvido, os fluxos de ajuda internacional para os países mais pobres diminuem, resultando em um aumento do custo da dívida. Ele pediu uma maior representatividade dos países do Sul Global no FMI, argumentando que o poder de voto dos membros do Brics deveria corresponder a pelo menos 25%.
Críticas ao Neoliberalismo e à Desigualdade
O presidente também abordou a questão da desigualdade, criticando o neoliberalismo, que, segundo ele, exacerba as disparidades. Lula mencionou que, desde 2015, três mil bilionários acumularam US$ 6,5 trilhões, evidenciando a concentração de riqueza em detrimento da população mais pobre.
Além disso, Lula elogiou o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do Brics, que tem se mostrado eficaz em oferecer financiamento para transições justas. Ele ressaltou a importância de justiça tributária e combate à evasão fiscal como estratégias essenciais para o crescimento inclusivo e sustentável.
Críticas à OMC e Governança da Inteligência Artificial
O presidente também fez críticas à Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmando que sua paralisia e o aumento do protecionismo criam uma situação insustentável para os países em desenvolvimento. Em um contexto de crescente protecionismo global, Lula defendeu um comércio mais equitativo.
No que diz respeito à inteligência artificial, Lula destacou que o Brics adotou uma declaração sobre sua governança, enfatizando que o desenvolvimento dessa tecnologia não deve ser privilégio de poucos. Ele enfatizou a necessidade de envolvimento do setor privado e da sociedade civil para garantir um modelo de governança justo e inclusivo.
Ineditismo na Cúpula do Brics
Nesta 17ª reunião do Brics, pela primeira vez, países-parceiros participaram do evento. Essa nova modalidade, criada na cúpula de Kasan, enriquece a articulação do Sul Global, permitindo uma troca de perspectivas diversificadas.
Lula frisou que o Brics é um ator crucial na luta por um mundo multipolar, buscando um equilíbrio maior nas relações internacionais. Com a inclusão de países-parceiros, a cúpula se torna um espaço ainda mais relevante para discutir temas globais.
Resumo
Na cúpula do Brics, o presidente Lula criticou o FMI e o Banco Mundial, ressaltando que eles favorecem as economias desenvolvidas às custas dos países em desenvolvimento. Ele defendeu uma maior representatividade do Sul Global nas instituições financeiras internacionais e abordou a desigualdade exacerbada pelo neoliberalismo.
Lula também elogiou o Novo Banco de Desenvolvimento, destacou a importância de justiça tributária e criticou a OMC pela paralisia e protecionismo. A inclusão de países-parceiros representa um avanço na construção de um mundo mais multipolar e equitativo, refletindo a nova dinâmica das relações internacionais.
- Críticas ao papel do FMI e Banco Mundial durante a cúpula do Brics.
- Defesa de maior representatividade dos países do Sul Global no FMI.
- Crítica ao neoliberalismo e à crescente desigualdade global.
- Valorização do Novo Banco de Desenvolvimento como modelo de governança.
- Críticas à OMC e ao aumento do protecionismo.
- Adoção de uma declaração sobre governança da inteligência artificial pelo Brics.
- Participação de países-parceiros pela primeira vez na cúpula do Brics.